sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Certificado de Amor verdadeiro


Esta é uma verdadeira história de amor. Uma menina de 12 anos conhece um rapaz de 18, e apaixona-se perdidamente. Almas gémeas, ele sentiu o mesmo. Namoraram 6 anos, ‘à antiga’, sempre sob o olhar atento e a devida supervisão de adultos.

Como deve ter sido difícil nem sequer poder dar um beijo apaixonado, daqueles prolongados, sem recear reprimendas!...
Mas o Amor, quando existe, vinga e ultrapassa qualquer obstáculo. A 23 de Novembro de 1968, casaram. Não choveu nessa manhã, o que contraria o velho ditado ‘ boda molhada, boda abençoada’… Mas a maior bênção deste amor e desta história é o facto dos protagonistas serem os meus pais. E que hoje comemoram 39 anos de casados!

Tiveram sonhos, e concretizaram-nos. Unidos no melhor e no pior, na saúde e na doença, aquelas palavras que tantos pronunciam de ânimo leve, para os meus pais foram promessas sagradas e eternas, olhos nos olhos, de alma e coração, um certificado de Amor verdadeiro.
Os filhos vieram, tão desejados, tão amados, geradores de uma felicidade ainda maior. E a família cresceu, a vida seguiu.

Acompanhei passo a passo esta deliciosa história de amor, aprendi o que é uma relação saudável, equilibrada, balizada pelo respeito, pelo companheirismo e pela paixão constante (era frequente ‘apanhar’ os meus pais aos beijinhos, com carinhos e olhares cúmplices!)
Anos mais tarde, estive presente no momento de mais um ‘sim’, na igreja, e foi-me reservada a honra de ser a ‘menina das alianças’. Estive presente quando a felicidade parecia não ter fim! Estive presente quando golpes duros demais fizeram estremecer o nosso lar! Mas tudo estava fundado em rocha firme e a casa não ruiu!
Há certas coisas que acontecem na vida que me fazem acreditar que o amor pode ser eterno e eles provaram isso. Que mesmo com todas as dificuldades que a vida nos possa apresentar ao longo do seu percurso, se tivermos alguém ao nosso lado para nos amparar, tudo pode ser menos difícil, ou até mais fácil.

Vi o exemplo que vocês deram ao mundo que os cercava, um exemplo para mim, sempre. Vocês são um sinal claro de mim mesma, na vida que me ofereceram, e que às vezes é madrasta. E são vocês os responsáveis por eu ainda não ter deixado de acreditar no Amor. A vossa felicidade e cumplicidade cabe dentro do mesmo coração e esse coração também é o meu!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Dançar à chuva


Estou assim… como o tempo, chuvosa. Nostálgica…
Se não arriscasse chegar ao trabalho completamente encharcada (o que não dava muito jeito), hoje não tinha sequer aberto o guarda-chuva.
Apetecia-me deixar aquele ‘dilúvio’ cair sobre mim, sentir o cheiro da rua molhada, não ligar à pressa das pessoas no caminho das suas rotinas. E recordar tempos felizes…

Lembrei-me de, há muitos anos, eu e o meu então namorado João termos sido apanhados de surpresa por uma chuvada imprevisível e nos termos refugiado debaixo do toldo de um quiosque, num miradouro em Alfama. De um bar ali perto, saía o som de uma música qualquer. De repente, levantei-me: “Vamos dançar!”. Respondeu-me com um olhar atónito: - “Estás doida? Se apareces encharcada em casa, os teus pais vão-se passar!”
“Não me interessa!”
, disse, no meu tom teimoso. Puxei-o para mim, e dançámos naquele miradouro, com Lisboa como testemunha, e cada vez que rodopiávamos, a água dançava com os nossos passos. Houve quem parasse, para olhar e certamente comentar aquele ‘disparate de adolescentes’. Outros terão pensado na ternura daquela cena, tão cinematográfica, mesmo desconhecendo que fora um acto de pura espontaneidade.
A música parou e nós continuámos a dançar, ao som da chuva e ao ritmo dos nossos corações. Não sei quanto tempo ali ficámos…

Regressámos, calados, de mãos dadas, com um sorriso e uma recordação impossíveis de apagar. Quando me deixou à porta de casa, deu-me um beijo (molhado, claro está!) e disse-me que, a partir daquele dia, ia chamar-me “mulher da chuva”.
Confesso que não me lembro se levei um raspanete dos meus pais por ter chegado a casa ‘encharcada que nem um pinto'! Mas não trocaria aquele momento por nada.

Sinto saudades de namorar como antes, passear de mãos dadas, sentir aquele ‘frio na barriga’, ter a ingenuidade de acreditar que aquela paixão é para sempre, passar horas ao telefone sem que nenhum dos dois queira desligar primeiro, rir de coisas parvas e dançar à chuva…

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Gostava de saber quem és

Gostava de saber quem és, como te chamas. Se vais aparecer por mero acaso, e se sim, ainda falta muito? Ou já entraste na minha vida e eu não dei por isso? Se calhar já te encontrei e voltei a perder-te...
Queria saber se gostamos das mesmas coisas. Se também odeias começar a ver um filme a meio ou acordar cedo a um Domingo. Teremos feitios diferentes, ou vou amar-te por seres igualzinho a mim?
Ponho-me a pensar se vamos adormecer agarrados, se a nossa cor favorita é a mesma, se vamos ter um cão, se o teu sorriso é como eu imagino...

Gostava de saber quem és. Porque espero por ti há muito tempo, e embora o Amor mereça a espera, só imaginar, cansa...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O gancho de cabelo


Hoje de manhã, enquanto mudava de mala, encontrei uma coisa que já não via há muito tempo. Numa bolsinha, bem lá no fundo, estava esquecido um gancho de cabelo. Reconheci-o de imediato, porque foi a última prenda que me deste. Tinha-lo trazido das Bahamas, e lembro-me das tuas palavras. Disseste - “Quando o vi, pensei logo em ti. Tem conchas, daquelas que vivem muito tempo debaixo do mar, mas que um dia, a maré as traz à praia. Como o Destino, que um dia te trouxe até mim...”
Como gosto de ter sempre algo com que agarrar o cabelo, trouxe o gancho comigo. Mas houve um pensamento que, desde esse segundo, não mais me abandonou. “Tudo é feito de energia, e este simples objecto guarda sensações e memórias de um tempo que já passou, de um capítulo da minha vida que chegou ao fim.”

Com o começo do dia e as tarefas rotineiras, acabei por me esquecer daquilo. Até que, inevitavelmente, prendi o cabelo, como é costume.
Pois bem: o facto é que o tal gancho passou o dia todo a cair-me! Por muitas maneiras que eu prendesse, aquilo saltava sempre! O curioso é que nunca tal tinha acontecido antes!...

No fim do dia, olhei para ele e reparei que, numa das vezes que se soltou e caiu ao chão, partiu-se um bocadinho daquelas conchas, as tais que te fizeram pensar em mim, e numa analogia romântica, ‘personificavam’ o amor que nos unia...

Moral da história?
Os objectos são os mesmos, as pessoas também... mas os significados mudam e as vidas tomam rumos diferentes....