Estou assim… como o tempo, chuvosa. Nostálgica…
Se não arriscasse chegar ao trabalho completamente encharcada (o que não dava muito jeito), hoje não tinha sequer aberto o guarda-chuva.
Apetecia-me deixar aquele ‘dilúvio’ cair sobre mim, sentir o cheiro da rua molhada, não ligar à pressa das pessoas no caminho das suas rotinas. E recordar tempos felizes…
Lembrei-me de, há muitos anos, eu e o meu então namorado João termos sido apanhados de surpresa por uma chuvada imprevisível e nos termos refugiado debaixo do toldo de um quiosque, num miradouro em Alfama. De um bar ali perto, saía o som de uma música qualquer. De repente, levantei-me: “Vamos dançar!”. Respondeu-me com um olhar atónito: - “Estás doida? Se apareces encharcada em casa, os teus pais vão-se passar!”
“Não me interessa!”, disse, no meu tom teimoso. Puxei-o para mim, e dançámos naquele miradouro, com Lisboa como testemunha, e cada vez que rodopiávamos, a água dançava com os nossos passos. Houve quem parasse, para olhar e certamente comentar aquele ‘disparate de adolescentes’. Outros terão pensado na ternura daquela cena, tão cinematográfica, mesmo desconhecendo que fora um acto de pura espontaneidade.
“Não me interessa!”, disse, no meu tom teimoso. Puxei-o para mim, e dançámos naquele miradouro, com Lisboa como testemunha, e cada vez que rodopiávamos, a água dançava com os nossos passos. Houve quem parasse, para olhar e certamente comentar aquele ‘disparate de adolescentes’. Outros terão pensado na ternura daquela cena, tão cinematográfica, mesmo desconhecendo que fora um acto de pura espontaneidade.
A música parou e nós continuámos a dançar, ao som da chuva e ao ritmo dos nossos corações. Não sei quanto tempo ali ficámos…
Regressámos, calados, de mãos dadas, com um sorriso e uma recordação impossíveis de apagar. Quando me deixou à porta de casa, deu-me um beijo (molhado, claro está!) e disse-me que, a partir daquele dia, ia chamar-me “mulher da chuva”.
Confesso que não me lembro se levei um raspanete dos meus pais por ter chegado a casa ‘encharcada que nem um pinto'! Mas não trocaria aquele momento por nada.
Sinto saudades de namorar como antes, passear de mãos dadas, sentir aquele ‘frio na barriga’, ter a ingenuidade de acreditar que aquela paixão é para sempre, passar horas ao telefone sem que nenhum dos dois queira desligar primeiro, rir de coisas parvas e dançar à chuva…
3 comentários:
Eu acho que tens que fazer, na vida, o que fizeste nesse dia...'cagar' na protecção do guarda-chuva e permitir que o dilúvio chegue até ti... Quem não anda à chuva pode não se molhar mas também nunca vai sentir aquele friozinho nos pés, na barriga, na alama.
Esquece o guarda-chuva...arrisca molhar-te. Pode ser que te constipes e tenhas dores depois, mas também pode ser que apareça um quiosque no meio do nada para te proteger e uma melodia que te faça feliz:)
Adoro-te
Para a frente é que é o caminho... Um caminho que será feito de dias chuvosos, dias de sol, de frio, de muito calor... E apesar das memórias fazerem de nós quem somos hoje, não devemos viver demasiado agarradas a elas... Caminha sem medo... mas sempre em frente... Não tardará muito para que sejas surpreendida. Ainda te esperam muitos dias de chuva como esse que descreves.
Mas, como fiz a Freckles, se andar sem guarda-chuva... ajuda;)
Muito lindo é viver e poder degustar a vida...
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