sábado, 13 de setembro de 2008

Quando menos se espera...


Quando menos se espera, a Vida dá-nos uma daquelas bofetadas tão fortes que juramos sentir a marca dos dedos na cara. Quando menos se espera, a Desilusão atira-nos um balde de água tão fria, que nos tira a respiração.
E nós deixamos de acreditar... Porque, quando menos se espera, a Injustiça vem e penhora todos os nossos sonhos. E sentimo-nos defraudados.

Mesmo assim, não desistimos, não deixamos de sonhar.
E, quando menos se espera, um céu nublado transforma-se numa paleta de cores e faz-nos respirar fundo outra vez. A Vida acontece. E apetece-nos olhar para o desconhecido, arriscar o improvável, apostar no imprevisto.

Quando menos se espera, a Vida dá-nos um sorriso diferente…

domingo, 24 de agosto de 2008

Um sopro...

Costuma dizer-se que o tempo cura tudo, que a saudade diminui com o passar dos anos. Não é verdade... pelo contrário.
A ausência de quem se ama, somada à certeza de que neste mundo não nos voltaremos a encontrar, abre feridas cada vez mais profundas, dores dilacerantes, sem nenhum remédio.

Vim para a praia. Com a ténue esperança de que o sol me consiga aquecer o coração e secar as lágrimas que teimam em cair.
Estava a observar uma família. A mãe soprava para dentro de uma bóia, perante a impaciência do filho, que insistia em ir depressa para a água.
E então, ocorreu-me uma ideia muito estúpida. Ou talvez não...
Gostava tanto que tivesses deixado bóias, colchões, bolas cheias com o ar que respiraste! Seriam uma espécie de lâmpada de Aladino, mas não para satisfazer desejos.

Simplesmente para, quando a saudade apertasse mais, eu poder desapertar o pipo, aproximar a boca...e inspirar um bocadinho do teu ar, do teu sopro de vida...

(Parabéns, Mana...)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Indestrutível


Quanto maiores são as tuas barreiras, mais alta eu me torno.
Quanto mais pedras colocas no meu caminho, mais depressa eu corro.
Quanto mais tempestades crias, mais bonança me ofereces.
Quanto mais te recusas a ouvir a minha voz, mais alto vou gritar.
Quanto mais me tentas apagar, mais brilhante é a minha luz.
Quanto mais me negas, mais forte é a minha lembrança.
Quanto mais apertadas são as tuas amarras, mais livre eu me sinto.
Quanto mais pungente for a tua punhalada, mais ilesa sairei.
Quanto mais ardilosas são as tuas mentiras, mais clara é a verdade.
Quanto mais sórdidos são os teus enganos, mais rasgado é o meu riso.
Quanto mais mesquinha é a tua inveja, maior é o meu sucesso.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Novas alvoradas


Por vezes é bom parar…pensar…sentir… Descobrir o que nos faz disparar o coração e o que nos adormece por dentro… Se as coisas nos sabem ao mesmo, ou se somos capazes de novos paladares… Se a memória guardou sons e imagens que não queremos esquecer, ou se já se perderam na escuridão da nossa mente… Se o céu estrelado ainda nos encanta, ou se já não acreditamos em estrelas cadentes… Se a felicidade dos outros nos preenche, ou se nos inquieta… Se nos deixamos embalar pelas ondas, ou se o medo do mar é mais forte… Se conseguimos saborear o domingo sem pensar na semana que aí vem… Se a nossa gargalhada é o eco da nossa alma… Se os nossos sonhos não são de faz-de-conta…

Se depois desta viagem ao mais profundo de nós mesmos, aos bastidores do nosso coração, ainda nos sentirmos fascinados pela vida, é porque tudo vale a pena.
E não é que vale mesmo?!...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Mas o que é que se passa comigo?!


Ando a tentar perceber-me… Sinto-me inquieta, nervosa, passo o dia com um nó na garganta que me sufoca e chega a gelar-me o coração.
Não consigo organizar a minha mente, ordenar os meus pensamentos. 

Sinto-me cansada, logo irritada. Falta-me serenidade para aceitar aquilo que não posso mudar, não me conformo com o que não está bem, quero derrubar muralhas, mas a força do pensamento e da alma ainda não movem montanhas…
Sei que inquieto as pessoas que me amam, que preocupo quem me quer bem, que causo estranheza em quem se habituou a ver-me sempre com um sorriso na cara. Como hoje, quando alguém me segredou que eu estava com um olhar triste…

A todos aqueles que se importam, deixem-me pedir desculpa, mas ando absorvida em mim mesma. Sou uma solitária e, de vez em quando, preciso de tomar chá com a minha consciência para decifrar alguns enigmas. E por isso tenho andado ausente.

A Vida está a desafiar-me novamente. E eu tenho que ir a jogo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Relógio sem ponteiros


Hoje, no caminho de regresso a casa, fui interpelada por uma velha mullher. Tinha a vida vincada no rosto, um olhar perdido. Vestia um casaco comprido, mal abotoado, e segurava com firmeza a mala contra o peito. Encostada a uma parede, parecia temer as pessoas que caminhavam apressadas, ignorando-a. Talvez eu a tenha olhado com ternura, ou o sorriso que inconscientemente esboçei, lhe tenha dado coragem para me falar: - "A menina desculpe...mas sabe que dia é hoje?"
Confesso que a pergunta me surpreendeu, mas logo senti o seu embaraço e angústia. Olhei-a com compreensão e respondi-lhe, quase em surdina, num tom cúmplice, como se partilhássemos um segredo: -"Hoje é 3ª feira, dia 22 de Abril."
Entre palavras de agradecimento e lágrimas enxugadas com um lenço primorosamente dobrado, confessou-me que se esquecia do tempo. E só do tempo.
- "Sou um relógio sem ponteiros..."

Antes de nos separarmos, perguntou o meu nome e prometeu não se esquecer de mim. Talvez já nem se lembre... Eu sei que nunca mais a vou apagar da minha memória. Vai-me sempre recordar que o tempo não pára, mesmo que viva 'adormecida'. E que, mesmo que não queira, os 'ponteiros do meu relógio' vão girar, e girar...e o tempo vai acabar por apanhar-me.

domingo, 13 de abril de 2008

Telepatia?!


Tomei um banho de imersão, acendi incenso e velas, pus a tocar aquele cd de que não me canso, abri uma garrafa de vinho do Porto, e recostei-me no sofá.
Dei conta que, mesmo inconscientemente, repeti a nossa rotina, os nossos gestos de fim de tarde... há tanto tempo adormecidos...

Fiz um esforço para me alhear, e não me deixar envolver nesta nostalgia quente, que me empurra para memórias com sabor a mel. Tentei ler um livro, mas a história que me passava pela mente era a nossa, as letras simplesmente pareciam mutáveis e transformavam-se em palavras que te disse um dia...
Fechei o livro e liguei a televisão. No meio de um zapping frenético, decidi-me por um filme qualquer, sobre lobisomens. "Ok, isto vai distrair-me!", pensei. Nem 5 minutos passados, constato que o protagonista tem o teu nome, e ainda por cima é parecido contigo! Não é possível!...
Televisão desligada. Virei-me para o computador. Há muito que queria organizar ficheiros, fazer back-ups de documentos importantes, etc. A tarefa adivinhava-se chata e, portanto, capaz de me preencher a cabeça com algo mundano e afastar este 'aperto' no coração. Enquanto arrumava papelada, o impensável aconteceu novamente! Ali estava um cd antigo, que pensava esquecido, cheio de fotografias nossas! Não resisti. E cada imagem que surgia diante dos meus olhos, fez-me regressar ao passado, sentir o teu cheiro, ouvir a tua voz, reviver momentos...

De repente, 'apoderaste-te' de mim, como uma urgência emocional e não consegui mais afastar-te do meu pensamento. "Como é que ele estará? Sentirá a minha falta? Porque é que não..."
Subitamente, o telemóvel deu sinal de mensagem e eu despertei daquele torpor mental. Por muito pouco tempo. As minhas mãos tremeram e o meu corpo gelou. A mensagem era tua...
Telepatia?!...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Cúmplice procura-se


Estou à espera que o amor aconteça. Por mais que esteja rodeada da família, de bons amigos, bons livros e óptimos programas, sinto a falta de um companheiro.
O problema é que, apesar de estar cansada de estar sozinha, não quero diminuir as exigências que fazem parte da minha lista. Habituei-me às vantagens da vida a solo: a independência, as decisões rápidas e não discutidas, a casa só para mim, as manhãs de domingo com uma toalha enrolada na cabeça... Abrir mão disso, só por um homem que realmente valha a pena!
Não preciso de um homem para me dar aquilo que já tenho - casa, dinheiro, viagens... Quero alguém que caminhe a meu lado, que me entenda e respeite. Quero um homem que eu admire, que me faça rir.

Cúmplice, procura-se...

terça-feira, 11 de março de 2008

Assinado


Existe aquele momento indelével da nossa existência em que aprendemos a escrever o nosso nome. A partir daí, é como se ganhássemos uma nova parte da nossa identidade. E vamos deixando a nossa ‘marca’, de cada vez que assinamos algo.

Por mais insignificante que seja, como um bilhete…ou tão decisivo como uma escritura de uma casa, a verdade é que cada assinatura é um compromisso.
Connosco e com os outros.
Há um ano, decidi criar este blog e, de certa forma, 'assinei' o meu nome perante o mundo. Curiosamente, hoje ‘marquei’ a minha vida com mais uma assinatura importante.
Daquelas orgulhosamente merecidas.

Fechei os olhos por um momento, respirei fundo, agradeci à vida... e escrevi o meu nome.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Quase perfeito


Hoje contaste-me que tinhas estado a ler o meu blog. Disseste que o que escrevo é real, “uma exposição tão grande da alma…que apetece abraçar o corpo”. E eu cheguei à conclusão de que me conheces melhor do que eu pensava.
E que continuas teimosamente presente nos meus pensamentos. Que fazes parte de deliciosas memórias, daquelas que são capazes de ‘ganhar vida’, só por falarmos nelas.

Penso em nós como uma história ‘quase perfeita’, como um texto que por muito que tente escrever, falta-me sempre uma palavra. E essa palavra é precisamente a que dá sentido a tudo, à vida real. E como disseste, “…as frases são imperfeitas. Como é imperfeita a forma de exprimir o quanto me apetece estar contigo… em como tem tanto de físico, como tem de alma”.

Sei que fujo a certos impulsos. Talvez ande a ‘tomar chá com a minha consciência’ vezes demais… Ou tenha alguns princípios e valores que, quando combinados com certas circunstâncias, não resultam comigo.
Mas quero que saibas que tenho saudades tuas, que também me apetece ter-te no meu colo, que gosto que me surpreendas com mensagens que trazem recordações únicas, que também me lembro de nós…

Se um dia o diabo quiser…

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Há dois anos sem ti...



Hoje chove tanto quanto chovia há 2 anos, no dia em que partiste deste mundo. Nessa noite, estava sentada junto à janela, e o Martim aproximou-se de mim: "Dinha, o céu está a chorar muito porque está triste, não é?"
Não fui capaz de dizer nada. Peguei-lhe ao colo e ficámos, abraçados, a olhar as estrelas.
Então, numa voz baixinha e chorosa, confessou-me: "Eu também estou muito triste. A Mamã foi para o céu e nunca mais volta..."
Não se consegue enganar a alma, mesmo que habite numa criança de seis anos...
Hoje chove, como naquele dia. O céu continua triste e a chorar. E nós também...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Pillow Talk

Adoro conversas de almofada. Desabafos de travesseiro, confissões feitas de suspiros de amantes, confidências soltas com a força de um pensamento não contido.
Aposto que todos já tiveram momentos destes, antes de apagar a luz, ou depois de fazer amor, com o namorado, com o marido, com o amante ocasional… São cumplicidades. Por algo que se disse, por algo que se sentiu, por algo que aconteceu, por algo que não se esquece.
São instantâneos de intimidades. Ou, se preferirem, simplesmente... ‘pillow talk’.

Ele: “ Adoro a forma como enrolas o cabelo com os dedos, antes de adormeceres..."
Ela: “ Adoro que saibas a forma como adormeço...”

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Estado civil: Solteira

Como não tenho namorado e sempre fui ‘alérgica’ a datas de comemoração obrigatória porque o calendário assim o determina, este é o meu manifesto de solteira para o dia de S. Valentim.
Antes de mais, escrever este texto na véspera de tal efeméride constitui, desde logo, uma novidade. Parece-me bem mais original do que andar com uma rosinha vermelha na mão, receber um cartãozinho com desenhos de cupidos e mensagens melosas, uma caixa de bombons, ou pior ainda, um daqueles ursinhos de peluche agarrados a um coração!
Estima-se que, pelo mundo fora, são enviados aproximadamente um bilião de cartões com mensagens românticas nesse dia, tornando-o num dos mais lucrativos do ano. Também se estima que são as mulheres que compram aproximadamente 85% de todos os presentes. O que, logo à partida, não me parece nada bem! : /

Há também quem defenda que o costume de enviar mensagens amorosas neste dia não tem qualquer ligação com S. Valentim (Séc. III), mas data da Idade Média, quando se acreditava que o dia 14 de Fevereiro assinalava o princípio da época de acasalamento das aves. Isto sim, faz muito mais sentido! ; )
Perdoem-me os casalinhos apreciadores desta ocasião especial, mas a mim parece-me que, nesse dia, até o mais comum ‘engate de causa hormonal’ se transforma numa promissora história de amor!...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Algum dia...


Se algum dia te encontrar na rua, não vou mudar de passeio. Mesmo que finjas não me ver, vou parar diante de ti e fitar-te. Vou penetrar-te a alma e colocar a tua consciência no banco dos réus. Descansa, não vou ser eu a julgar-te, porque todo o Mundo já te julga.

Se algum dia vieres ao meu encontro, vou enfrentar-te com a Verdade do meu lado. Não mereces a minha confiança ou o meu amor. Foste tu quem partiu, quem me apagou da tua vida.
Por isso, quem deve temer és tu.

Se algum dia o destino nos juntar, vou tocar-te mais uma vez. Quero certificar-me que já não me transmites nada, nenhuma emoção. Como me senti da última vez em que te abracei.

Se algum dia falares comigo, vou tentar escutar-te. Vou perguntar-te se valeu a pena provocar tanto sofrimento pelo vazio de integridade em que vives. Se já pensaste que a ausência é o maior castigo para quem ama e não escolheu perder alguém?

Se algum dia a Vida me der essa oportunidade, vou olhar-te e não te vou reconhecer. Talvez nesse dia te transformes num estranho e me sejas indiferente. E finalmente, o meu coração deixe de doer.

Algum dia… Hoje não.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Adivinham-se tempos difíceis...


Adivinham-se tempos difíceis…
Feridas antigas que continuam teimosamente abertas, sem nunca cicatrizarem.
Esforços titânicos para que os dias passem, com a dor na alma anestesiada, adormecida.
Datas de efemérides que não podemos comemorar, outras que não queremos que sejam reais e que preferíamos esquecer.
Recordações de cor esbatida pelo tempo e manchadas por lágrimas de saudade.
Suspiros profundos, gritos abafados de sofrimento e angústia, raiva e ódio ‘mordidos’ na almofada quando o sono teima em não chegar.
Medo de mim mesma, por não conseguir vencer ‘demónios’ de incerteza, tormentos de injustiça.
Nojo por quem se escuda na mediocridade, crueldade e ausência de carácter.
Batalhas assombradas por seres desprezíveis, vis, abjectos.

Adivinham-se tempos difíceis… Mas eu vou sobreviver, e a culpa não há-de morrer solteira!

sábado, 12 de janeiro de 2008

2008

Começou um novo ano. O calendário virou, é altura de renovar esperanças, de fazer promessas, de listar objectivos e cumprir resoluções. Eu, por mim, comprometo-me a viver...e a usar protector solar...

Feliz 2008